Pense em um grupo de trabalho (GT). Agora, pense que ele não tem o propósito de produzir encaminhamentos, mas de produzir cultura. E pense que ele é rizomático, que ele vai acontecer e produzir durante todo o evento, e não só no horário definido. E pense que os temas não são oferecido na programação, mas na forma de um cardápio de temas, e que você pode trazer outro tema e agregar pessoas. Pense que você quer produzir debates e cartazes sobre democratização da mídia. Ou poesias sobre loucura. Ou organizar um beijaço contra a homofobia. Ou mostrar como gentileza gera gentileza. E pense que você vai fazer parte de um grupo temporário muito engajado, consciente e descolado. E que o debate de vocês mudará vocês e o mundo.
Essas são as Agrupações - ou "Brigadas Culturais".
O EREP deve ser uma 'bomba cultural': um novo dispositivo
O EREP é, por tradição, transformador. EREPs formam e desformam, provocam afetações da realidade, olhares singulares e trocas. EREPs mudam vidas. Todo mundo que vai para o EREP se transforma, e sai de lá com uma missão: transformar o mundo.
O EREP é um vivência coletiva intensa, na qual trocamos e compartilhamos. E é isso que devemos fazer com o que aprendemos - não guardar só para si, mas compartilhar. Devemos compartilhar olhares singulares, sentidos, idéias e impressões. Nós não somos meros consumidores de cultura - nós também somos produtores de cultura. Todos nós. E nós não podemos fugir do nosso papel como produtores de cultura. A psicologia produz novos olhares, e também podemos produzir novos olhares para a psicologia.
Neste EREP, produzir cultura não será simplesmente um fato mas uma missão. Em vez de brigadas de limpeza, teremos brigadas de cultura. Assim como Augusto Boal diz que todos nós somos atores, nós acreditamos que todos somos produtores de cultura. Todos nós podemos falar e temos algo a dizer. E criamos - nós constantemente criamos.
O EREP quer ser um espaço de voz, de escuta, de diálogo para tudo isso. Queremos um festival de olhares, vozes, gritos, cores, criaturas e criações. Queremos que cada EREPiano assuma a responsabilidade pela nossa formação coletiva, e perceba o poder que tem para mudar o mundo. Cada olhar é importante - e toda expressão é transformadora.
Queremos que os EREPianos se organizem para produzir cultura. Nós não podemos ficar alheios e calados ao que acontece no mundo. Muito sofrimento existe e muita injustiça acontece, e algo precisa ser dito e ser feito. Precisamos produzir outras culturas. Devemos produzir olhares sobre cuidado, loucura, educação, liberdade sexual, justiça, opressão e vida cotidiana. Sobre tudo o que nos afeta e que queremos que afete o mundo.
Os EREPianos terão essa missão: produzir cultura. Seremos grupos autogestionários, células produtoras de cultura - seja na forma de painéis, cartazes, músicas, teatro, comunicados na rádio-poste, perguntas, vídeos, rodas de conversa, movimentos, camisetas, ou intervenção urbana. O EREP será um festival de novas culturas, de culturas transformadoras - será uma 'bomba cultural'.